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domingo, 8 de fevereiro de 2015

A LUTA POR MORADIA EM SBC - SP

Em defesa dos grandes especuladores imobiliários, prefeitura do PT de SBC realiza novo despejo truculento

Erwin Wolf

A Guarda Civil de Municipal (GCM) de São Bernardo do Campo que foi derrotada pela heroica resistência popular na primeira tentativa de despejo no dia 20/1, quando os moradores rechaçaram a polícia municipal de Marinho (PT) e atearam fogo em uma viatura. A GCM comandada pelo PT municipal voltou no dia 2 de fevereiro a atacar o Assentamento Skaf, numa verdadeira operação de guerra contra os moradores.

“Eles vieram preparados para uma batalha.”, conforme relato de moradores ao Diário do Grande ABC do dia 3/2. Conforme o jornal,

“A operação deixou moradores machucados, efetuou prisões e não contou com o apoio de caminhão prometido pela Prefeitura para levar os móveis das famílias, que receberão bolsa-aluguel por três meses, mas não serão atendidas por programa habitacional porque invadiram terreno depois de acordo na Justiça ter congelado a ocupação, em 2009, com 159 famílias.”


A violência foi brutal.

“A remoção começou por volta das 8 h com bastante tumulto. ‘Eles (guarda civil) vieram preparados para uma batalha. Tinha dormido na minha mãe e, quando cheguei pela manhã, fui recebida por guardas falando ‘coloca a mão na cabeça´. Disse que estou grávida (de três meses) e, mesmo assim, aumentaram o tom de voz e algemaram meu marido’”,

disse a operadora de telemarketing Ane Carolina, da Fonseca, 35 anos.”

A Guarda Civil Municipal de São Bernardo do Campo passou a adotar o mesmo “modus operandi” da Polícia do Rio e São Paulo contra os lutadores sociais, que inclusive têm 23 presos políticos hoje.

“´Quando chegaram, prenderam vários homens. Tudo isso sem motivo algum, eles não são criminosos´. Ao todo, 12 pessoas foram encaminhadas para 8º DP (Alvarenga), onde fizeram somente o processo de averiguação de antecedentes criminais, segundo a Polícia Civil.”

Além de atacar aos moradores, a GCM atacou a reportagem do Diário do Grande ABC.

“A truculência da GCM não foi direcionada somente aos moradores. A equipe do Diário precisou entrar às escondidas no assentamento após ser barrada em dois locais sob ameaça de ser detida por desacato às autoridades. A repórter fotográfica Andréa Iseki chegou a ser empurrada por uma guarda-civil feminina.”

Ainda, “Segundo a moradora, além da desocupação truculenta, a equipe da GCM ainda apreendeu celulares de forma violenta... Quando ia gravar a ação deles, pegaram meu celular. Isso aconteceu com muitas pessoas.”, destaca Amanda.´”

Luiz Marinho está se transformando no Noske (dirigente do Partido Social Democrata Alemão responsável pelo assassinato de Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo) de São Bernardo do Campo, em razão de sua política de repressão contra os movimentos sociais na cidade.

Os loteamentos da região, truculentamente defendidos pela prefeitura petista, onde lutam por um teto centenas de famílias, pertencem à família do presidente da Fiesp, Paulo Skaf. O espaço total, que tem 88 mil metros quadrados e teve o auge de sua ocupação na década 1990, está hoje mais valorizado pela proximidade com o Trecho Sul do Rodoanel.

O PT vem sendo alvo de um ataque reacionário da mídia, da oposição burguesa de direita e do imperialismo para derrubar o governo Dilma. Se for vitoriosa, esta escalada golpista vai cometer atrocidades muito maiores que as dos governos do PT contra o conjunto das organizações de esquerda e contra toda a classe trabalhadora. Nós nos opomos a esta escalada golpista e chamamos uma Frente Única com o PT para esmagar a direita golpista. Mas, mesmo agora, nós da LC, como defensores intransigentes da população trabalhadora, não ocultamos os crimes do PT contra a nossa classe.

A Liga Comunista se solidariza com os lutadores trabalhadores sem teto e suas organizações e repudia mais uma vez o prefeito de São Bernardo do Campo (SBC), Luis Marinho, e luta pela revolução urbana que exproprie os especuladores imobiliários, defendidos com violência policial pela prefeitura petista e sua Guarda Civil, e ponha o conjunto do espaço urbano sob o controle dos trabalhadores.

Apêndice:

"COMO RESOLVER O
PROBLEMA DA HABITAÇÃO?"
F. ENGELS


“Como resolver o problema da habitação? Na sociedade atual, ele se resolve absolutamente da mesma maneira que qualquer outra questão social, isto é, pelo equilíbrio econômico que pouco a pouco se estabelece entre a oferta e a procura, solução esta que adia perpetuamente o problema e é o contrário de uma solução. A maneira pela qual a revolução social resolverá essa questão não depende somente das circunstâncias de tempo e de lugar; liga-se, também, a questões que vão muito mais longe sendo uma das principais a supressão do antagonismo entre a cidade e o campo. Como não temos que fantasiar sistemas utópicos de organização da sociedade futura, seria pelo menos ocioso determo-nos sobre o assunto. Uma coisa é, incontestável: é que atualmente, nas grandes cidades, há imóveis bastantes para satisfazer as necessidades reais de todos, sob a condição de serem utilizados racionalmente. Essa medida só é realizável, bem entendido, sob a condição de expropriar os proprietários atuais e de instalar em seus imóveis os trabalhadores sem habitação ou vivendo atualmente em habitações superlotadas. Conquistado o poder político pelo proletariado, essa medida, ditada pelo interesse público, será tão facilmente realizável como as expropriações de imóveis levados a efeitos atualmente pelo Estado.”  
F. Engels de Maio de 1872 a Janeiro de 1873